quarta-feira, 17 de agosto de 2016

MANGUEIRAS
Histórico
Os primeiros bombeiros de que se tem notícia foram os chineses e, posteriormente, de uma forma mais organizada, os romanos.
Eles criaram as primeiras brigadas de incêndio com grupos de legionários e escravos. Estabeleceram o primeiro código de prevenção, instituindo a obrigatoriedade da construção de cisternas e obrigando sua construção defronte as casas.
A mangueira propriamente dita nasceu séculos depois, com o fruto da necessidade de se transportar água para o local do incêndio. As primeiras mangueiras utilizadas eram feitas de couro e costuradas com grampos de latão, sendo extremamente duras e pesadas e, conseqüentemente, de difícil manuseio.
Em 1811, na Inglaterra, foram fabricadas as primeiras mangueiras de tecido, sendo sua impermeabilização obtida pelo inchamento das fibras que aumentavam de volume ao serem molhadas, apresentando enormes problemas de vazamento e perda de pressão dinâmica.
Em 1868, J.B. Forsyth patenteou um processo de impermeabilização, através da introdução de um tubo de borracha dentro da mangueira de tecido.
Em 1960, as fibras sintéticas começaram gradativamente a substituir as fibras naturais, trazendo, com isso, inúmeras vantagens. Definição
Mangueira de incêndio é o duto flexível utilizado para transportar água da fonte de suprimento ao lugar onde deva ser aplicada. Em razão de sua finalidade, a mangueira deve ser flexível, resistir à pressão interna e ser, tanto quanto possível, leve e durável.
 Composição
A mangueira de incêndio é o conjunto formado por um tubo interno revestido com reforço têxtil e com uma junta de união em cada extremidade para possibilitar o seu acoplamento.
Tubo Interno: deve ser de borracha, plástico ou outro material flexível.
Reforço Têxtil: deve ser fabricado com fios sintéticos. O urdume deve ser entrelaçado com a trama.
Tipos de Mangueiras 
As mangueiras de incêndio, no Brasil, são classificadas oficialmente de acordo com a NBR-11861/98. São classificadas em cinco tipos, de acordo com o material de que são fabricadas e o emprego a que se destinam.
Tipo 1 - Destina-se a edifícios de ocupação residencial.
Mangueira de capa simples tecida em fio de poliéster e tubo interno de borracha sintética, leve, compacta e resistente à deterioração por bolor e fungos.
Pressão máxima de trabalho = 10 Kgf/cm²
• Pressão de prova = 21 Kgf/cm²
• Pressão de ruptura = 35 Kgf/cm²
• Resistência à abrasão = 150 ciclos
• Diâmetro nominal (DN) = 38 mm (1½“)

 Tipo 2 - Destina-se a edifícios comerciais e industriais ou Corpo de Bombeiros.
Mangueira de capa simples, tecida em poliéster e tubo interno de borracha sintética. Resistente, robusta e flexível, é adequada tanto para áreas internas como externas, sendo própria tanto para áreas industriais como para serviços pesados.
• Pressão máxima de trabalho = 14 Kgf/cm²
• Pressão de prova = 28 Kgf/cm²
• Pressão de ruptura = 55 Kgf/cm²
• Resistência à abrasão = 380 ciclos
Diâmetro nominal = 38 mm (1½”) ou 63 mm (2½”)
 Tipo 3 - Destina-se às áreas navais e industriais ou Corpo de Bombeiros, em que é desejável uma maior resistência á abrasão.
Mangueira com duas capas tecidas em fio de poliéster e tubo interno de borracha sintética. Resistência extra, própria para uso naval.
• Pressão máxima de Trabalho = 15 Kgf/cm²
• Pressão de prova = 30 Kgf/cm²
• Pressão de ruptura = 60 Kgf/cm²
• Resistência à abrasão = 500 ciclos
Diâmetro nominal = 38 mm (1½”) ou 63 mm (2½”)
Tipo 4 - Destina-se à área industrial, na qual é desejável uma maior resistência à abrasão.
Mangueira com capas simples tecidas em fio de poliéster com revestimento externo em composto especial de uretano e tubo interno de borracha sintética. Versátil como as mangueiras tipo 2, com grande resistência ao desgaste, indicada para ambientes industriais internos ou externos e Corpo de Bombeiros.
• Pressão máxima de Trabalho = 14 Kgf/cm²
• Pressão de prova = 28 Kgf/cm²
• Pressão de ruptura = 55 Kgf/cm²
• Resistência à abrasão = 500 ciclos
Diâmetro nominal = 38 mm (1½”) ou 63 mm (2½”)
Tipo 5 – Destina-se às áreas industriais ou Corpo de Bombeiros, em que é desejável uma maior resistência à abrasão e a superfícies quentes.
Mangueira com reforço têxtil, tecido em fio sintético de alta tenacidade com revestimento externo e tubo interno em borracha nitrílica. Maior resistência a perfurações, cortes e produtos químicos. Alta resistência à abrasão e superfícies quentes
• Pressão máxima de Trabalho = 14 Kgf/cm²
• Pressão de prova = 28 Kgf/cm²
• Pressão de ruptura = 45 Kgf/cm²
• Resistência à abrasão = 700 ciclos
Diâmetro nominal =38 mm (1½”) ou 63 mm (2½”)
Outra classificação de mangueiras empregadas no combate a incêndio é quanto ao seu diâmetro nominal.

Nas atividades de combate a incêndios são, normalmente, empregadas mangueiras de 38 mm (1½”) , 63 mm (2½”) , 75 mm (3”) e 100 mm (4”). (Figura 2.6)
As de 75 mm e 100 mm destinam-se ao emprego em linhas adutoras. Em que pese mangueiras destes diâmetros servirem melhor para o transporte de grandes vazões de água, o mais comum na Corporação é o emprego das mangueiras de 63 mm para esta função. As de 38 mm normalmente são utilizadas em linhas diretas, de ataque e de proteção. As de 63 mm são normalmente utilizadas em linhas adutoras, podendo também ser empregadas em linhas diretas e de ataque quando maiores vazões forem desejáveis.
Cuidados com mangueiras Inspeção e manutenção 
Toda mangueira, quando em uso (em prontidão para combate a incêndio), deve ser inspecionada a cada três meses e ensaiada hidrostaticamente a cada doze meses, conforme a norma NBR 12779. Estes serviços devem ser realizados por profissional ou empresa especializada. O ensaio hidrostático em mangueira de incêndio deve ser executado utilizando-se equipamento apropriado,não devendo ser efetuado o ensaio por meio da expedição de bomba da viatura, hidrante ou ar comprimido, a fim de evitar acidente.  Cuidados com as mangueiras Das mangueiras depende não só o sucesso no combate ao fogo como também a segurança dos homens que guarnecem os esguichos. Essa razão é suficiente para que se dispense a esse equipamento cuidadoso trato, antes, durante e depois do uso. Esses cuidados tem como objetivo mantê-las em perfeitas condições de uso, além de obter, desse custoso material, o maior tempo de utilização possível.
 Antes do uso
As mangueiras novas devem ser retiradas das embalagens fornecidas pelo fabricante e armazenadas em local arejado, livre de mofo e umidade, protegido da incidência direta de raios solares.
Os lances acondicionados em viatura ou abrigo, onde permanecem muito tempo sem manuseio, devem ser periodicamente substituídos ou recondicionados, de modo a evitar a formação de quebras, no ponto de dobra, que diminui sensivelmente a resistência do forro interno e da capa protetora, comprometendo a confiabilidade desejada do material. O forro, quando de borracha, deve ser conservado com talco, e as uniões lubrificadas com talco ou grafite, devendo-se evitar o uso de óleo ou graxa.
Durante o uso 
As mangueiras não devem ser arrastadas sobre o piso, bordas cortantes de muro, caixilhos, etc, nem devem ficar em contato com o fogo, óleos, gasolina, ácidos ou outras substâncias que possam atacá-las. As superfícies aquecidas danificam as lonas das mangueiras de fibra sintética.
A pressão interna pode romper as mangueiras sujeitas a dobras ou golpes de aríete, sendo que golpes de aríete são causados pelo fechamento abrupto dos esguichos e válvulas. A elevação dos lances em linha vertical faz recair o peso da água e das mangueiras suspensas sobre as que estão no solo; esse inconveniente pode ser contornado pelo uso de suporte para mangueiras e válvulas de retenção. Igualmente não é permitida a passagem de veículos sobre as mangueiras, estejam elas cheias ou vazias, devendo-se usar, quando necessário, “passagem de nível”. Batidas e quedas que causem choques mecânicos e arrastamento das uniões provocam amassamentos e deformações que impedem o perfeito acoplamento das mangueiras, tornando-as fora de condições de uso.
Depois do uso 
 Ao serem recolhidas após o uso, devem  sofrer rigorosa inspeção visual quanto ao estado da lona e das uniões. Após, as mangueiras aprovadas deverão ser lavadas cuidadosamente com água pura, e, se necessário, com sabão neutro. Escovas de fibras longas e macias podem ser usadas para remover as sujeiras e os resíduos do sabão empregado. Após enxaguos sucessivos, a mangueira deverá ser posta para secar em suporte adequado, à sombra, de onde só deverá ser retirada após completamente seca. O uso de estufa para secagem deve obedecer às especificações do fabricante; todavia, a mangueira deve ser antes suspensa por no mínimo 08 (oito) dias para completa drenagem da água acumulada na parte interna. Completamente secas,  deverão ser armazenadas com os cuidados já descritos, devendo-se identificar individualmente as mangueiras e manter registros históricos de sua vida útil.
 Acondicionamento
As mangueiras podem ser acondicionadas de diversas maneiras, conforme a utilização mais provável que delas se deva prever. As formas mais usuais para mangueiras empregadas nos veículos de bombeiros são:
• Ziguezague deitada (1° processo);
• Ziguezague em pé (2° processo);
• Aduchada (3° processo);
• Duplo espiral com alça (4° processo)
• Espiral (para armazenagem em almoxarifado)
Ziguezague em pé  
 A mangueira é colocada em pé, e é estendida ao longo do estrado ou convés da viatura, ficando com a união para traz em relação ao veículo. Ao atingir a antepara dianteira do compartimento, voltará para traz, retornando ao atingir o limite trazeiro do estrado, e assim sucessivamente. Deve-se, entretanto, tomar o cuidado de fazer com que as uniões permaneçam todas juntas à extremidade trazeira do estrado.
Ziguezague deitado 
É semelhante ao anterior, alterando-se apenas a posição das voltas da mangueira; enquanto que no primeiro, ficam uma ao lado das outras, neste exemplo ficara uma deitada sobre as outras.

Aduchadas 
Consiste em enrolar a mangueira dobrada ao meio, em direção às extremidades guarnecidas de juntas, de modo a se obter um rolo. (Figura 2.11)
Para aduchar mangueiras deve-se proceder da seguinte forma:Dobra-se a mangueira, estendida no solo, próximo ao centro do lance, de modo que a metade que fica por baixo seja maior cerca de 1,20m da metade que fica por cima;(Figura 2.12)
Enquanto um homem procede ao enrolamento, outro acomoda a mangueira, de modo a produzir uma ducha bem firme; uma das juntas ficará protegida pela última dobra da mangueira. (Figura 2.13)
Dupla espiral com alça 
Aduchamento com alças 
Presta-se a facilitar o transporte quando há necessidade de subir escadas, ou em outras situações nas quais o transporte seja difícil (obstáculos, riscos, etc.). 
Colocar as juntas de união no solo, uma ao lado da outra, de forma que a mangueira fique sem torções, formando linhas paralelas.
Fazer uma alça, transpondo uma parte sobre a outra a 1,5m da dobra original. 
Colocar o ponto médio da alça sobre o local onde as partes cruzarem. 

Iniciar o aduchamento na direção das juntas de união e fazer dois rolos lado a lado, formando uma alça de cada lado. 
     
Ao término do aduchamento, colocar as juntas no topo dos rolos. Para ajustar as alças, puxar uma delas, de maneira que uma fique menor que a outra.
Transpassar a alça maior por dentro da menor, ajustando-a em seguida. Transportá-la com as juntas voltadas para frente. 

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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

VANTAGEM MECÂNICA

Conceitos básicos de física Para realizarmos um trabalho podemos lançar mão de facilitadores chamados máquinas. Entre as máquinas simples, podemos citar os planos inclinados, alavancas e polias. O homem utiliza uma máquina para poupar esforço de maneira a poder realizar um grande trabalho utilizando uma pequena força. Chamamos esta relação entre o esforço requerido (força de resistência) e o esforço realizado (força de ação ou motriz) de vantagem mecânica. Assim, vantagem mecânica é o número de vezes que a força de resistência é maior que a de ação. Podemos determinar a vantagem mecânica (VM) pela fórmula abaixo
VM = FR           
FA 
FR = força de resistência, ou seja, a carga. 
FA = força de ação realizada para movimentar a carga.
Se FR e FA  tiverem a mesma intensidade, a vantagem mecânica será igual a  1 (um). Qualquer sistema que ofereça vantagem mecânica igual a 1 não economiza força .
No entanto, se FR tiver uma intensidade maior do que FA, a vantagem mecânica será maior do que 1. Nesse caso, haverá economia de força .
A fim de obtermos economia de energia (redução de força), podemos empregar máquinas complexas como motores, guindastes, etc, ou máquinas simples como alavancas, planos inclinados, rodas e principalmente, no caso de operações de salvamento em altura, polias.
 Polias 
Quanto ao seu emprego, as polias podem ser fixas ou móveis. Quando fixada a um ponto qualquer, a polia não acompanha a carga e, desta forma, não economiza força, servindo tão somente para mover pequenas cargas com maior comodidade, pela mudança de direção e sentido das forças aplicadas. A polia móvel, como o próprio nome indica, é aquela que pode deslocar-se com a carga. Um dos chicotes da corda é ancorado a um ponto fixo, enquanto ao outro é aplicada a força motriz. Neste caso, haverá redução de força.
As linhas em torno das polias devem estar paralelas entre si para que se tenha o rendimento esperado. Quanto maior a angulação entre elas, menor será a vantagem mecânica.
Quando falamos em vantagem mecânica, referimo-nos a vantagem mecânica teórica, pois se desconsidera o efeito das perdas, especialmente pelo atrito. Assim, se substituíssemos polias por mosquetões, teoricamente teríamos uma mesma vantagem mecânica, no entanto, é importante saber que um mosquetão tem uma eficiência estimada em 60%, enquanto uma boa polia tem uma eficiência de 90%. Por isso, uma vantagem mecânica de 2 : 1 com uma polia representa na realidade uma vantagem de 1,9 :1 em contrapartida,  se utilizássemos um mosquetão (ao invés da polia), a eficiência seria de 1,6 :1.
 Montagem de sistemas de vantagem mecânica 
 Regra dos doze Esta regra deve ser utilizada sempre que utilizarmos sistemas de vantagem mecânica para tracionar cordas fixas (como nas tirolesas) e estabelece que o produto do fator de redução pelo número de homens deve ser no máximo doze, por exemplo, em um sistema 3:1, podemos utilizar até quatro homens para a tração.
Ação de tração 
Em serviços de salvamento, recomenda-se tão somente sistemas movidos por força humana. A tração deve ser continuada, evitando-se trancos.
 Sistema de captura de progresso 
Adote, por segurança, um sistema de captura de progresso (cordins ou bloqueadores mecânicos), para prevenir que a corda escape e a carga caia, por exemplo.
 Sistemas de vantagem mecânica
 Podemos classificar os sistemas de vantagem mecânica como simples ou combinados.
Sistemas simples 
Chamamos de sistemas simples aqueles em que a força de tração incide diretamente sobre a carga ou sobre a corda a que a carga encontra-se ancorada. Os sistemas simples de acordo com sua montagem são divididos em estendidos, reduzidos ou independentes. Para o cálculo da vantagem mecânica nos sistemas simples, basta somar o número de ramais de corda que saem da carga ou do bloqueador.
Simples estendido
 Nos sistemas estendidos, a corda percorre todo espaço entre o ponto fixo e o ponto móvel (carga). Apesar de sua simplicidade, verifica-se que quanto maior a vantagem mecânica adquirida, maior a quantidade de corda empregada.


 Simples reduzido 
Nos sistemas reduzidos utilizamos bloqueadores, como cordins ou bloqueadores estruturais ancorados à corda, sobre a qual incide a força de tração e não diretamente sobre a carga, como no sistema estendido, o que nos possibilita empregar uma extensão menor de corda para executar o serviço. Para efetuar a tração, devemos avançar o bloqueador em direção a carga cada vez que o mesmo se aproxima da polia fixa, impedindo a tração. 
Simples independente
Os sistemas independentes não empenham a corda do sistema para a realização da tração, isto é, utiliza-se uma corda auxiliar para tracionar o sistema já existente.



Sistema combinado 
Chamamos de sistemas combinados os sistemas onde a vantagem mecânica incide sobre outro sistema de vantagem mecânica, tendo como vantagem final a multiplicação dos fatores.
Para o cálculo da vantagem mecânica obtida a partir de sistemas combinados, devemos multiplicar cada um dos fatores para chegar ao resultado final.
 Montagem prática de um sistema simples reduzido (3 : 1)
Ao interromper a tração, os prussiks bloqueiam a corda                   Libere o cordim de tração e arraste-o  para dar continuidade à tração
Utilização do bloqueador estrutural (rescucender):