segunda-feira, 18 de julho de 2016

ASCENSÃO

Ascensão é toda progressão vertical que implica em deslocamento, no mínimo, do
peso do próprio corpo. São diversos os locais que podem exigir a progressão vertical do
bombeiro para o atendimento a uma emergência. Em ambientes urbanos temos fachadas de
edificações, torres metálicas de energia elétrica, de telefonia (antenas), chaminés,
andaimes, painéis, telhados, poços, árvores em risco de queda iminente, córregos
canalizados, ambientes industriais e espaços confinados. Em ambiente rural, encostas,
costeiras, cachoeiras ou vales podem ser o cenário de um acidente que demande uma
operação de salvamento em altura.
Muitas são as técnicas de subida e os equipamentos para a sua execução. O ideal é
que o sistema utilizado seja eficiente e eficaz, combinando segurança e simplicidade.
A técnica recomendada de ascensão inclui o uso de ascensores de punho, ou seja,
um ascensor para cada mão, ambos conectados à cadeira de salvamento e cada um com
seu estribo, sempre com dois pontos de fixação da cadeira aos aparelhos, e estes, à corda.
Secundariamente, pode-se utilizar nós bloqueadores, como técnica alternativa de ascensão.
 Ascensão com aparelhos bloqueadores
Os equipamentos individuais necessários são: capacete, cadeira de salvamento, um
par de ascensores de punho, quatro mosquetões com trava de rosca, dois auto-seguros, um
par de luvas e um sistema de pedaleiras (fabricadas ou improvisadas com fitas tubulares).
Montagem do sistema
Após equipar-se com capacete, cadeira, dois auto-seguros, dois mosquetões (um em
cada auto) e dois ascensores já preparados com suas respectivas pedaleiras e mosquetões
auxiliares, posicione os ascensores na corda para ascensão, de maneira que o ascensor de
cima deverá estar na altura do braço semi-estendido (direito ou esquerdo conforme escolha
pessoal), quando o bombeiro estiver sentado na cadeira.
Execução
1º Passo: o aparelho inferior é colocado na corda;
2º Passo: conecte o mosquetão do auto-seguro no olhal apropriado na parte inferior do
ascensor (feche o gatilho e trave o mosquetão);
3º Passo: ajuste a pedaleira;
4º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal
apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se
desconecte da corda durante a operação;
5º Passo: coloque o aparelho superior na corda;
6º Passo: conecte o mosquetão do outro auto-seguro no olhal apropriado da parte
inferior do ascensor (feche o gatilho e trave o mosquetão);
7º Passo: ajuste a pedaleira;
8º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal
apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se
desconecte aleatoriamente da corda durante a operação;
9º Passo: verifique se todos os mosquetões estão fechados e travados corretamente;
10º Passo: posicione os ascensores o mais alto possível na corda;
11º Passo: sente-se na cadeira de salvamento e posicione os pés nas respectivas
pedaleiras, verificando os ajustes (as pernas não deverão estar completamente estendidas,
pois a subida não será eficiente).
Descrição da técnica (progressão vertical)
1º Passo: progressão na corda. Quando o ascensor superior estiver sendo elevado, o
bombeiro deverá aliviar o peso da respectiva pedaleira, apoiando o peso de seu corpo no
outro ascensor (projetar o corpo para cima, apoiando-se por completo na perna oposta, isto
é, apoiando-se na pedaleira do ascensor oposto);
2º Passo: elevar o ascensor inferior, observando o mesmo gesto motor de apoiar-se
na pedaleira do ascensor oposto (o superior) e aliviar a perna do ascensor que estiver sendo
levado para cima. Progredir;
3º Passo: chegada. Na parada para saída do sistema, sempre deverá haver uma fita
ou auto-seguro para que o bombeiro possa ancorar-se e realizar a saída da corda com
segurança.
Ascensão com nós bloqueadores
Preferencialmente, deve-se executar uma ascensão com uso de aparelhos
específicos, pois o bombeiro poderá ter maior agilidade, e eficácia. No entanto, quando não
se dispõe dos ascensores, os nós que bloqueiam a corda podem ser uma boa alternativa
técnica, como o prussik, marchard ou a ascensão com o nó belonesi e cabo da vida. Neste
manual, será apresentada a ascensão com o prussik.
Os equipamentos individuais necessários são : capacete, cadeira de salvamento, dois
auto-seguros, dois mosquetões (um para cada auto), um par de luvas e um par de cordins .
 Montagem do sistema e progressão vertical
O tamanho da pedaleira (feita a partir da união de dois cordins ou de um cordim a uma
fita) dependerá do biotipo do bombeiro. O comprimento do cordim superior deve permitir que
depois de aplicado o nó prussik na corda de subida e conectado a alça do cordim no
mosquetão da cadeira, o bombeiro tenha à frente de seu rosto o nó, após estar colocado no
sistema (sentado na cadeira de salvamento). A pedaleira, depois de aplicada à corda,
deverá permitir que o bombeiro possa posicionar o pé para apoio ou ambos os pés.
Execução
1º Passo: o cordim superior deve ser colocado na corda aplicando-se o nó prussik com
duas a três voltas, ajuste muito bem as voltas do nó para evitar que ele deslize e seu
travamento seja comprometido. Mantenha o nó de união do anel do cordim lateralizado;
2º Passo: após aplicação do nó na corda, conecte a alça do cordim no olhal central da
cadeira com um mosquetão com trava de rosca;
3º Passo: aplique o nó prussik com o outro cordim abaixo do outro cordim já instalado
na corda;
4º Passo: conecte um auto-seguro ao cordim do nó prussik longo através de
mosquetão próprio, de modo que o bombeiro fique conectado a corda por dois pontos,
ambos fixos no olhal central da cadeira de salvamento;
5º Passo: Progressão. Ocorre com o deslizamento do cordim superior pela corda para
acima, estando todo o peso do corpo apoiado no cordim inferior;
6º Passo: após o posicionamento do cordim superior acima, sente na cadeira e deslize
o outro nó prussik para cima;
7º Passo: Chegada. Na parada para saída do sistema, deverá haver uma fita ou autoseguro
para que o bombeiro possa ancorar-se e realizar a saída com segurança.
Recomendações importantes
Durante a ascensão, mantenha o corpo o mais vertical possível, procurando exercer
maior força nas pernas, utilizando as mãos para projetar os ascensores para cima e manter
o equilíbrio, um de cada vez.
Nunca desconecte qualquer dos aparelhos da corda durante a ascensão se ainda não
tiver chegado ao seu objetivo e se não estiver seguro em uma parada. Sempre prepare uma
ancoragem de chegada para sair do sistema com segurança.
Utilize sempre o mosquetão auxiliar como guia na parte superior do ascensor para
evitar que o aparelho se desconecte inadvertidamente.
Mantenha-se sempre apto no teste de aptidão física.
Procure desenvolver sua habilidade de subir com segurança e com mínimo esforço e
de saber improvisar em situações inesperadas ou difíceis.
 Ascensão em estruturas metálicas
Tem-se como estruturas metálicas fixas: torres de alta tensão, antenas de
telecomunicação (telefonia, rádio, televisão), gruas (guindaste empregado em obras de
construção civil), pontes, brinquedos de parques de diversão (montanha russa, roda gigante,
entre outros), elevadores, plantas de processamento industriais, etc.
Os equipamentos individuais necessários são: capacete, cadeira de salvamento,
peitoral ajustável, um par de ascensores de punho, dois auto-seguros, seis mosquetões com
trava de rosca, um par de luvas e um sistema de pedaleiras.
Os equipamentos necessários para operacionalizar o sistema são: corda dinâmica de
11 mm (onze milímetros) de diâmetro, fitas tubulares ou fitas costuradas, mosquetões de
aço ou de alumínio com trava de rosca, freio oito e proteção para corda.
Operacionalização do sistema
A escalada da estrutura deve ser iniciada com segurança. Nunca se deve progredir
verticalmente sem planejar e estabelecer os sistemas de segurança que garantirão o
resultado favorável das operações no local.
Em estruturas metálicas fixas, há diversas formas de iniciar sua escalada, que irão
variar de acordo com os materiais disponíveis na viatura. Uma das formas, consiste da progressão pela estrutura utilizando ganchos metálicos (conectores apropriados), presos a
cadeira de salvamento por absorvedores de impacto.
O método recomendado deriva das técnicas de escalada, onde se instala a cada dois
metros, ancoragens com fitas tubulares (costuradas ou não) e mosquetões ao longo da
estrutura metálica, por onde será passada a corda que irá servir de segurança à escalada
dos bombeiros.
Execução
1º Passo: ancore a corda dinâmica de segurança à cadeira do bombeiro com
mosquetão de aço;
2º Passo: inicie a progressão vertical instalando a cada dois metros uma fita e um
mosquetão com trava de rosca, onde a corda dinâmica será passada por dentro;
3º Passo: um segundo bombeiro deverá fazer a segurança de baixo (do chão) com uso
de um freio oito fixo ou ancorado a sua cadeira, por onde a corda de trabalho será
conectada (subida com segurança de baixo);
4º Passo: à medida que o primeiro bombeiro sobe, o segurança de baixo vai liberando
a corda que está passando pelo freio oito, de modo que, se ele cair, estará seguro pelo
sistema de freio e pela alça da corda dinâmica que passou pela última fita costurada na
estrutura pelo bombeiro;
5º Passo: caso outros bombeiros necessitem subir, a segurança poderá ser
coordenada de cima pelo primeiro bombeiro que já está no topo da estrutura.
De acordo com o tipo de estrutura e salvamento a ser executado, deve-se prever que
os bombeiros que realizarão a subida deverão portar materiais sobressalentes como:
cadeiras para vítimas, corda estática para rapel, fitas tubulares, mosquetões, etc.
 Ascensão em árvores
O acesso à copa de uma árvore pode ser feito por meio de escalada, quando não for
possível o uso de escadas portáteis ou de viaturas aéreas (auto-escada, plataforma
elevatória).
 Ascensão com nós boca de lobo
Consiste da ascensão em árvores através do tronco das mesmas. O bombeiro deve
possuir além do EPI, os seguintes equipamentos: três cabos vidas, freio oito, mosquetões,
corda estática 12,5mm e fitas tubulares para ancoragem.
Munido destes equipamentos, o bombeiro deve seguir os seguintes passos:
1º Passo: Confeccione nó oito duplo no chicote dos cabos da vida;
2º Passo: Permeando os cabos da vida, confeccione dois nós boca de lobo no tronco
da árvore (um na altura da cabeça e o outro na altura da cintura);
3º Passo: prenda as alças do cabo da vida superior no mosquetão da alça central da
cadeira e no cabo da vida inferior, apóie os pés;
4º Passo: permeie a corda estática e confeccione o nó oito duplo, fixe um mosquetão
e ancore-o ao cabo da vida superior, passando a corda pelo freio oito e travando-a,
para utilização em descidas emergenciais, a partir do ponto em que estiver na árvore.
Após a preparação, damos início a escalada, travando o cabo da vida inferior com o
peso do corpo, elevamos o nó superior, deixando então o peso sobre este nó, solecando o
nó inferior para reposicioná-lo e travando-o novamente com o peso do corpo, e assim
sucessivamente, conseguindo desta forma escalar a árvore.
Se houver galho para transpor, utiliza-se o terceiro cabo da vida, confeccionando um
nó boca de lobo no caule acima do galho e entramos em “auto” neste novo cabo da vida,
transpondo o galho, recuperando o material e prosseguindo a ascensão até o objetivo, onde
será confeccionado uma nova ancoragem com fitas ou cordas. Após o término do trabalho,
efetua-se a descida, realizando o rapel ejetável.
Escalada direta
Acesse o galho desejado ou próximo a ele, arremessando com as próprias mãos,
uma retinida com um peso. Emendando a corda estática na mesma, recupera-se a corda por
cima do galho, a fim de empregar um chicote para ascensão e o outro, para ancoragem
debreada, do solo. Em seguida, utiliza-se qualquer dos métodos de ascensão até chegar ao
objetivo, onde se confecciona uma ancoragem para auto-assegurar-se. Em caso de descida
emergencial, basta um segundo bombeiro destravar o nó meia volta do fiel e gerenciar a

descida do bombeiro que está no sistema. Para descer, utilize técnica de rapel ejetável.

Próximo Capitulo VANTAGEM MECÂNICA
 
 



quinta-feira, 14 de julho de 2016

RAPEL

Técnica do rapel
Esta técnica surgiu no final do século passado a partir da necessidade de
exploradores franceses contratados para pesquisarem canyons e cavernas dos Pirineus
(cadeia de montanhas que separa o sul da França do norte da Espanha) e que se
deparavam com situações em que eram obrigados a transpor obstáculos como abismos,
cachoeiras e pontes. Daquela época até os tempos atuais, essa técnica vem sendo
aperfeiçoada, a medida em que novos e melhores equipamentos são desenvolvidos e
normalizados. O rapel, enquanto técnica, é utilizado basicamente por três esportes: a
escalada, a espeleologia (exploração de cavernas) e o canyoning (“rapel em cachoeiras”) e,
na área profissional, por militares e socorristas. Para nós, bombeiros, representa um meio
de acesso ou fuga de um local inóspito.
Rapel militar
O rapel pode ser feito com ou sem o uso de aparelhos. Em situações em que haja
uma pequena distância a ser vencida, em que não haja aparelhos disponíveis, o rapel
clássico ou militar pode ser efetuado através de uma laçada da corda em redor do corpo, de
modo que o atrito criado possibilite o controle da descida.
Rapel com aparelhos
Para a realização do rapel são necessários os seguintes equipamentos: corda,
mosquetão, descensor (freio oito, rack ou mosquetão), cadeira, luvas de proteção, autoseguro
e capacete .
Inserção do mosquetão na cadeira
Para o destro, segure o mosquetão na mão direita com o polegar no gatilho e
indicador no prolongamento do dorso, insira-o de cima para baixo girando-o até que a dobradiça fique voltada para si e a abertura para cima (o que facilitará a colocação do freio).
Se a cadeira tiver uma alça vertical (ao invés de horizontal), faça o mesmo, porém inserindoo
da esquerda para a direita, girando-o até que a dobradiça fique voltada para si e a
abertura para a esquerda e para cima.
Passagem da corda pelo freio oito
Com o oito clipado à cadeira pelo olhal maior, faça uma alça com a corda, mantendo
o chicote voltado para a mão de comando, passando-a de baixo para cima, em seguida abra
o mosquetão girando a peça oito 180º em sua direção, clipando-o novamente ao oito.
Passagem da corda pelo mosquetão (meia volta do fiel)
O mosquetão pode ser utilizado como freio através do nó meia volta do fiel .
Fixação do freio e travamento do mosquetão
Após a passagem da corda pelo freio, fixe-o à cadeira fechando e travando o
mosquetão, atentando para apenas girar a rosca da trava até encostá-la, sem aplicar força.
No caso do rack, ele já estará anteriormente conectado à cadeira através do mosquetão,
pois sua configuração permite a passagem da corda sem que seja necessário desclipá-lo da
cadeira.
Calçamento das luvas
O último passo da equipagem é o calçamento das luvas, sua utilização antes
comprometerá seu tato e maneabilidade.
Conferência e alerta ao segurança
Após completar a equipagem, cheque passo a passo cada ação repetindo em voz
alta:
Corda no oito !
Oito no mosquetão !
Mosquetão travado !
Luvas calçadas !
Segurança !
Segurança
Do solo, outro homem poderá dar segurança ao rapel. Para tanto, deverá manter-se
com as mãos à altura do tronco, sem luvas e olhando atentamente para cima, bastando
tesar a corda para, em qualquer eventualidade, interromper a descida e, se for o caso,
assumir o comando.

Execução do rapel
- O chicote da corda deverá estar afastado do solo, cerca de 50 cm;
- Antes de iniciar o rapel, confira seu equipamento e os procedimentos até então
realizados e alerte o segurança de solo; Atente para evitar a formação do nó boca de lobo durante a saída (quando utilizar oito convencional);Desde a saída e durante a descida mantenha a mão de comando sob a coxa, entre a rótula e a pelve. Enquanto a corda permanecer tesada (tensionada), o executante não descerá. A outra mão poderá ficar apoiada na corda, acima do oito, jamais sobre ele. As duas mãos trabalham em conjunto uma servindo de guia e apoio, outra no comando do
deslize;
O rapel não deve ser iniciado de um salto brusco, deve-se evitar freadas súbitas
durante a descida, a fim de que as ancoragens não sejam sobrecarregadas;
- O tronco deverá permanecer longe da corda (não fletido sobre ela), a cabeça, a roupa
e o cabelo longe das peças;
- Para manter uma posição estável, deve-se apoiar a planta dos pés na parede, em
uma posição semi-sentada, mantendo-se os pés afastados entre si; 
se visar a direção de descida, olhando por cima do ombro da mão de comando,
de maneira a observar possíveis obstáculos durante o percurso (janelas, beirais, arbustos,
pedras);
- Aliviando-se a tensão do chicote, começaremos a deslizar e a descer, simplesmente
caminhando pela parede ou aos saltos;
- Ao chegar ao solo, flexione as pernas para facilitar a soltura do equipamento e a
liberação da corda e então saia debaixo da área de descida.
Travas
Existem vários tipos de travas que podem ser realizadas para interromper ou assegurar a
descida, entretanto, serão abordadas neste manual as mais usuais, simples e seguras. Há
diversas razões para se fazer uma trava, como a necessidade do bombeiro estar com as
duas mãos livres para realizar um procedimento, a conversão de um sistema de descida
para içamento, ou vice-versa, entre outras.
Trava do oito
Eleve a mão de comando, mantendo a corda tesada, fazendo uma trajetória circular
imaginária. Segure então a corda com a mão de apoio para completar a trajetória,
posicionando o chicote entre o vivo e a peça oito, puxando-o para baixo com as duas mãos
para realizar a primeira trava. Em seguida, faça uma alça passando-a por dentro do
mosquetão, repetindo a seqüência anterior, a fim de realizar uma segunda trava, finalizando
o procedimento.Para desfazer a trava, repita as ações em ordem contrária, prestando especial
atenção no momento de desfazer a última trava com segurança.
Trava do oito de resgate
Após realizar a primeira trava, conforme anteriormente descrito, ao invés de
passar o chicote pelo mosquetão, passe-o pelas orelhas para então executar a segunda
trava, finalizando o procedimento.
Trava do meia volta do fiel
Quando o mosquetão for utilizado como freio, realize a trava fazendo o nó de mula e
arremate com pescador simples.
Variações do rapel
Rapel positivo
Descida realizada com o apoio dos pés em uma parede.
Rapel negativo
Realizado sem o apoio dos pés, em vão livre.
Rapel auto-assegurado
Em situações em que não haja um bombeiro no solo para dar segurança ao rapel,
por exemplo, no caso do primeiro bombeiro a descer em um abismo, o próprio executante
pode fazer sua segurança prussicando a corda com um cordim ancorado à sua cadeira,
arrastando-o durante a descida, devendo estar atento para evitar o travamento indesejado e
preparado para retomar a descida, através de “auto-resgate”.
Auto-resgate
No caso do cordim travar inadvertidamente, o bombeiro poderá retomar o rapel de
duas formas: após efetuar a trava do oito, o bombeiro faz uma pedaleira instalando um
cordim para aliviar seu peso e liberar o cordim de seu auto-seguro ou faz uma azelha como
pedaleira, desfaz a trava e retoma a descida. Quando utilizar deste expediente, o bombeiro
deve atentar para fazer uma descida lenta e contínua, pois um rapel veloz irá queimar a
capa do cordim.
 Rapel guiado
Utilizado para desviar de obstáculos a trajetória da descida. Para tanto, utilizam-se
duas cordas, uma para o freio (a de descida) e outra para a guia (corda simples solecada),
clipando a ela um mosquetão ou polia.
Rapel ejetável
Esta técnica diz respeito à forma de ancoragem que permite a recuperação da corda.
Utiliza-se este método em situações em que seja necessário recolher a corda para utilizá-la
em um outro lance de descida ou porque não seja razoável deixá-la no local, (empregada
em ambientes rurais e em cortes de árvore, por exemplo). Para este tipo de rapel, deve-se
permear a corda, fazer uma alça com um oito duplo ou nove em um dos chicotes e fixar um
mosquetão. Envolva então o ponto de ancoragem e clipe o outro chicote por dentro do
mosquetão. Ao término da descida, que deverá ser feita pelo chicote contrário ao que foi
feito o "nó", recolha o outro chicote.
 Rapel debreado
Esta técnica refere-se a um tipo de ancoragem com um nó dinâmico (meia volta do
fiel), utilizada para gerenciamento de atrito, ou seja, em ambientes, normalmente rurais, em
que não seja possível proteger a corda em toda sua extensão, executa-se uma ancoragem
em um mosquetão com uma meia volta do fiel, bloqueado por nó de mula e arremate com
pescador simples, liberando-se um metro a cada descida. Desta forma a possibilidade de
sobrecarga de um único ponto é reduzida.
 Rapel de helicóptero
Primeiramente, é necessário destacar algumas normas de segurança para operações
com aeronaves (helicóptero) :
- Jamais aproxime-se da aeronave pelo rotor (cauda);
- Desembarcado, mantenha-se sempre sob visão do piloto;
- Esteja com o capacete firmemente preso à cabeça;
- Aguarde o comando do piloto para embarcar na aeronave;
- Equipe-se para o rapel;
- Afivele-se ao cinto de segurança da aeronave; e
- Aguarde a indicação do tripulante para iniciar o rapel.
Os bombeiros deverão descer um de cada lado, em sincronismo, para evitar a
desestabilização da aeronave. Aquele que sai com o chicote pela sua própria mão de comando (destro, saindo pelo lado direito da aeronave) tem sua saída favorável, bastando
projetar-se para o lado externo da aeronave. No entanto, o bombeiro que sai pelo lado
oposto à mão de comando (o destro, que sai do lado esquerdo da aeronave), deverá, após a
passagem da corda pelo oito, ter a cautela de passar o chicote por baixo de suas pernas,
para evitar que ocorra a trava do oito . Para posicionar-se no esqui da aeronave, a mão de
comando já deve estar sob a coxa, mantendo a corda tesada. Coloca-se o pé sobre o apoio
intermediário do esqui e simultaneamente faz-se uma rotação de 90º, para em seguida
colocar o outro pé diretamente no esqui, ficando de frente para a aeronave. Já sobre o
esqui, deve-se manter uma abertura suficiente entre as pernas para dar estabilidade ao
bombeiro. Estando prontos, ambos deverão pagar corda até que pernas fiquem paralelas
ao solo para, simultaneamente, continuarem a descida flexionando os joelhos, até estarem
abaixo da aeronave, efetuando um pêndulo. Após a inversão, deverão tirar os pés dos
esquis da aeronave para então iniciarem a descida, em rapel negativo, de forma contínua e
sem freadas súbitas (trancos). Todos as ações devem ser simultâneas e sincronizadas, de
modo que ambos toquem o solo ao mesmo instante.
  
 Próximo Capitulo ASCENSÃO

quarta-feira, 13 de julho de 2016

SALVAMENTO EM ALTURA Parte 4

ANCORAGENS
Considera-se ancoragem como o sistema de amarração ou fixação de uma corda ou
indivíduo a um ponto. Existem abordagens e linhas diferentes de execução, principalmente
em virtude da região e tipos de materiais empregados. De um lado, temos a linha européia
(ou alpina) cuja ênfase é dada a cordas mais leves e de menor diâmetro, em que as
ancoragens são feitas com base na divisão da carga entre dois ou mais pontos de fixação
(equalização), realizando tantos fracionamentos quantos sejam necessários, visando
preservar a corda. De outro lado, temos a linha americana, que dá ênfase a cordas de maior
diâmetro e resistência ao atrito, clipadas a ancoragens já existentes e robustas (um ponto “à
prova de bomba”), sanando-se as preocupações com o desgaste da corda através do uso
de proteções.

A abordagem deste manual levará em conta as duas linhas de trabalho, considerando
os pontos aplicáveis a cada situação peculiar e estabelecendo critérios mínimos que levem
em conta a segurança, a preservação do material e a funcionalidade de cada técnica.
De qualquer maneira, é primordial preservar a corda, através do uso de proteções!
 Sistemas de ancoragem
Para optarmos pela técnica e tipo de ancoragem a ser empregada em uma ocorrência,
devemos levar em conta os seguintes aspectos:
• Resistência dos pontos de ancoragem; e
• Localização dos pontos de ancoragem entre si.
Com base nesta avaliação, será adotado um dos seguintes conceitos:
• Ponto-bomba;
• Back-up; ou
• Equalização.
 Ancoragem à prova de bomba
O ponto “a prova de bomba” (PAB) é aquele escolhido para a realização de uma
ancoragem que, devido a sua grande resistência, dispensa qualquer outro sistema
secundário de ancoragem de segurança.
Sendo assim, ao utilizarmos um “Ponto-Bomba”, qualquer reforço, ancoragem de
segurança ou back-up, se tornará obsoleto, pois a resistência do ponto de ancoragem é superior à resistência de qualquer outro componente do sistema de ancoragem e, a seu
respeito, não paira qualquer dúvida sobre sua resistência. Ao encontrarmos um “pontobomba”,
partiremos para a confecção de uma ancoragem simples utilizando fitas tubulares,
mosquetão, cordins e cordas.
Equalização
Em situações em que não haja um ponto único suficientemente seguro (PAB) ou em
que o posicionamento do ponto existente seja desfavorável ao local em que desejamos que
nossa linha de trabalho seja direcionada, podemos lançar mão da equalização.
A técnica da equalização consiste em dividir, em partes iguais, a carga sustentada
pelo sistema entre os pontos de ancoragem. Para isso, devemos obedecer algumas regras:
• Escolha pontos preferencialmente alinhados (paralelos) entre si;
• O ângulo formado pela equalização deverá respeitar o limite de 90º,
evitando sobrecarga sobre os pontos de ancoragem;
• A equalização deverá ser sempre auto-ajustável; e
• Para proporcionar segurança em caso de falência de um dos pontos de
ancoragem, é necessária a confecção de um cote de segurança.
Pode ter a forma de V ou M sendo essencial que seja observado o ângulo máximo de
90º entre as linhas de ancoragem. Quanto maior o ângulo formado, maior a possibilidade da
ancoragem entrar em colapso, pois aumentará exponencialmente a sobrecarga nos pontos
de fixação, tendendo ao infinito.

“Back-up”
O termo “back-up” diz respeito a uma segunda segurança, que pode visar o ponto de
ancoragem ou o equipamento. É utilizado para garantir a segurança de todo o sistema.
Para realização do “back-up” como segundo ponto de ancoragem, algumas regras
devem ser observadas:
• Os pontos devem estar preferencialmente alinhados;
• O ponto secundário de ancoragem (“back-up”) não deve receber carga e
somente será utilizado em caso de falência do ponto principal;
• Não deverá haver folga entre os dois pontos de ancoragem, para evitar o
aumento da força de choque em caso de rompimento do ponto principal; e
• O “back-up” sempre deverá ser mais forte e resistente do que o principal.
Levando-se em conta as regras apresentadas, para que o “back-up” cumpra seu papel
com eficiência, podemos nos deparar com duas situações:
1. Ponto principal abaixo do ponto secundário (“back-up”); ou
2. Ponto principal acima do ponto secundário.
Formas de ancoragem
Ao realizarmos uma ancoragem, devemos optar por técnicas e materiais que nos
ofereçam as seguintes condições: rapidez, segurança, conservação do material. Ademais,
como visto no capítulo anterior, todo nó diminui a resistência da corda, por esta razão,
devemos adotar medidas para preservá-la. Para tanto, podemos utilizar os nós sem tensão
ou acessórios, como mosquetões, fitas, cordins e placas de ancoragem.
Nós sem tensão
O uso de nós sem tensão preserva integralmente a resistência da corda, uma vez que
a tensão é dissipada a cada volta. Efetue de quatro a cinco voltas redondas e um arremate
com volta do fiel ou oito duplo e mosquetão.
Utilização de fitas tubulares
A utilização de fitas torna mais prática e rápida a ancoragem. Envolva o objeto com a
fita, se possível, dobrando-a, mas evitando formar o nó boca de lobo. Jamais faça o nó ou
passe a corda diretamente pela fita, sob o risco de rompê-la, utilize um conector metálico.
Utilização de cordins
Quando falamos em “prussicar a corda” referimo-nos à aplicação de um par de cordins
fechados por um pescador duplo à corda, através de nós prussiks.
Aplique os cordins observando para que o maior deles fique à frente do menor, bem
como que ambos fiquem igualmente tensionados (desta forma dividindo a carga entre si),
inserindo-os no mosquetão de ancoragem.
Utilização de mosquetões
Os mosquetões devem ser utilizados fechados e travados, e os esforços aplicados ao
longo do dorso.
Montagem de ancoragem simples
Utilizando-se de mosquetão, cordins e fita tubular.
Improvisações
Os pontos ou dispositivos de ancoragem podem ser criados de forma criativa e segura
para suprir uma necessidade, através da construção deles ou da utilização de meios de
fortuna.
 Uso de escada portáteis
As escadas podem ser utilizadas em condições excepcionais para criação de pontos
de ancoragem, observando-se os seguintes cuidados: adotar medidas para sua
estabilização, dividir os esforços entre os banzos (ao invés de utilizar degraus), adotar um
“back-up”.
Ancoragem humana
Utilizando-se homens como ponto de ancoragem, adotam-se os princípios relativos à
equalização, devendo-se ainda observar o limite de carga e o posicionamento estável dos
homens que dividirão o esforço, a diminuição da silhueta e do ponto de gravidade dos
mesmos.
Meios de fortuna
Mobiliários e outros objetos podem ser utilizados como pontos de ancoragem em
situações extremas, devendo-se antes, porém, atentar para sua resistência física e robustez,
protegê-los adequadamente e adotar obrigatoriamente ancoragens adicionais de segurança
(back-up).


Próximo Capítulo  RAPEL