Ascensão é toda progressão vertical que implica em deslocamento, no mínimo, do
peso do próprio corpo. São diversos os locais que podem exigir a progressão vertical do
bombeiro para o atendimento a uma emergência. Em ambientes urbanos temos fachadas de
edificações, torres metálicas de energia elétrica, de telefonia (antenas), chaminés,
andaimes, painéis, telhados, poços, árvores em risco de queda iminente, córregos
canalizados, ambientes industriais e espaços confinados. Em ambiente rural, encostas,
costeiras, cachoeiras ou vales podem ser o cenário de um acidente que demande uma
operação de salvamento em altura.
Muitas são as técnicas de subida e os equipamentos para a sua execução. O ideal é
que o sistema utilizado seja eficiente e eficaz, combinando segurança e simplicidade.
A técnica recomendada de ascensão inclui o uso de ascensores de punho, ou seja,
um ascensor para cada mão, ambos conectados à cadeira de salvamento e cada um com
seu estribo, sempre com dois pontos de fixação da cadeira aos aparelhos, e estes, à corda.
Secundariamente, pode-se utilizar nós bloqueadores, como técnica alternativa de ascensão.
Ascensão com aparelhos bloqueadores
Os equipamentos individuais necessários são: capacete, cadeira de salvamento, um
par de ascensores de punho, quatro mosquetões com trava de rosca, dois auto-seguros, um
par de luvas e um sistema de pedaleiras (fabricadas ou improvisadas com fitas tubulares).
Montagem do sistema
Após equipar-se com capacete, cadeira, dois auto-seguros, dois mosquetões (um em
cada auto) e dois ascensores já preparados com suas respectivas pedaleiras e mosquetões
auxiliares, posicione os ascensores na corda para ascensão, de maneira que o ascensor de
cima deverá estar na altura do braço semi-estendido (direito ou esquerdo conforme escolha
pessoal), quando o bombeiro estiver sentado na cadeira.
Execução
1º Passo: o aparelho inferior é colocado na corda;
2º Passo: conecte o mosquetão do auto-seguro no olhal apropriado na parte inferior do
ascensor (feche o gatilho e trave o mosquetão);
3º Passo: ajuste a pedaleira;
4º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal
apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se
desconecte da corda durante a operação;
5º Passo: coloque o aparelho superior na corda;
6º Passo: conecte o mosquetão do outro auto-seguro no olhal apropriado da parte
inferior do ascensor (feche o gatilho e trave o mosquetão);
7º Passo: ajuste a pedaleira;
8º Passo: conecte o mosquetão auxiliar na parte superior do aparelho, no olhal
apropriado como um guia para a corda, tendo a função de impedir que o aparelho se
desconecte aleatoriamente da corda durante a operação;
9º Passo: verifique se todos os mosquetões estão fechados e travados corretamente;
10º Passo: posicione os ascensores o mais alto possível na corda;
11º Passo: sente-se na cadeira de salvamento e posicione os pés nas respectivas
pedaleiras, verificando os ajustes (as pernas não deverão estar completamente estendidas,
pois a subida não será eficiente).
Descrição da técnica (progressão vertical)
1º Passo: progressão na corda. Quando o ascensor superior estiver sendo elevado, o
bombeiro deverá aliviar o peso da respectiva pedaleira, apoiando o peso de seu corpo no
outro ascensor (projetar o corpo para cima, apoiando-se por completo na perna oposta, isto
é, apoiando-se na pedaleira do ascensor oposto);
2º Passo: elevar o ascensor inferior, observando o mesmo gesto motor de apoiar-se
na pedaleira do ascensor oposto (o superior) e aliviar a perna do ascensor que estiver sendo
levado para cima. Progredir;
3º Passo: chegada. Na parada para saída do sistema, sempre deverá haver uma fita
ou auto-seguro para que o bombeiro possa ancorar-se e realizar a saída da corda com
segurança.
Ascensão com nós bloqueadores
Preferencialmente, deve-se executar uma ascensão com uso de aparelhos
específicos, pois o bombeiro poderá ter maior agilidade, e eficácia. No entanto, quando não
se dispõe dos ascensores, os nós que bloqueiam a corda podem ser uma boa alternativa
técnica, como o prussik, marchard ou a ascensão com o nó belonesi e cabo da vida. Neste
manual, será apresentada a ascensão com o prussik.
Os equipamentos individuais necessários são : capacete, cadeira de salvamento, dois
auto-seguros, dois mosquetões (um para cada auto), um par de luvas e um par de cordins .
Montagem do sistema e progressão vertical
O tamanho da pedaleira (feita a partir da união de dois cordins ou de um cordim a uma
fita) dependerá do biotipo do bombeiro. O comprimento do cordim superior deve permitir que
depois de aplicado o nó prussik na corda de subida e conectado a alça do cordim no
mosquetão da cadeira, o bombeiro tenha à frente de seu rosto o nó, após estar colocado no
sistema (sentado na cadeira de salvamento). A pedaleira, depois de aplicada à corda,
deverá permitir que o bombeiro possa posicionar o pé para apoio ou ambos os pés.
Execução
1º Passo: o cordim superior deve ser colocado na corda aplicando-se o nó prussik com
duas a três voltas, ajuste muito bem as voltas do nó para evitar que ele deslize e seu
travamento seja comprometido. Mantenha o nó de união do anel do cordim lateralizado;
2º Passo: após aplicação do nó na corda, conecte a alça do cordim no olhal central da
cadeira com um mosquetão com trava de rosca;
3º Passo: aplique o nó prussik com o outro cordim abaixo do outro cordim já instalado
na corda;
4º Passo: conecte um auto-seguro ao cordim do nó prussik longo através de
mosquetão próprio, de modo que o bombeiro fique conectado a corda por dois pontos,
ambos fixos no olhal central da cadeira de salvamento;
5º Passo: Progressão. Ocorre com o deslizamento do cordim superior pela corda para
acima, estando todo o peso do corpo apoiado no cordim inferior;
6º Passo: após o posicionamento do cordim superior acima, sente na cadeira e deslize
o outro nó prussik para cima;
7º Passo: Chegada. Na parada para saída do sistema, deverá haver uma fita ou autoseguro
para que o bombeiro possa ancorar-se e realizar a saída com segurança.
Recomendações importantes
Durante a ascensão, mantenha o corpo o mais vertical possível, procurando exercer
maior força nas pernas, utilizando as mãos para projetar os ascensores para cima e manter
o equilíbrio, um de cada vez.
Nunca desconecte qualquer dos aparelhos da corda durante a ascensão se ainda não
tiver chegado ao seu objetivo e se não estiver seguro em uma parada. Sempre prepare uma
ancoragem de chegada para sair do sistema com segurança.
Utilize sempre o mosquetão auxiliar como guia na parte superior do ascensor para
evitar que o aparelho se desconecte inadvertidamente.
Mantenha-se sempre apto no teste de aptidão física.
Procure desenvolver sua habilidade de subir com segurança e com mínimo esforço e
de saber improvisar em situações inesperadas ou difíceis.
Ascensão em estruturas metálicas
Tem-se como estruturas metálicas fixas: torres de alta tensão, antenas de
telecomunicação (telefonia, rádio, televisão), gruas (guindaste empregado em obras de
construção civil), pontes, brinquedos de parques de diversão (montanha russa, roda gigante,
entre outros), elevadores, plantas de processamento industriais, etc.
Os equipamentos individuais necessários são: capacete, cadeira de salvamento,
peitoral ajustável, um par de ascensores de punho, dois auto-seguros, seis mosquetões com
trava de rosca, um par de luvas e um sistema de pedaleiras.
Os equipamentos necessários para operacionalizar o sistema são: corda dinâmica de
11 mm (onze milímetros) de diâmetro, fitas tubulares ou fitas costuradas, mosquetões de
aço ou de alumínio com trava de rosca, freio oito e proteção para corda.
Operacionalização do sistema
A escalada da estrutura deve ser iniciada com segurança. Nunca se deve progredir
verticalmente sem planejar e estabelecer os sistemas de segurança que garantirão o
resultado favorável das operações no local.
Em estruturas metálicas fixas, há diversas formas de iniciar sua escalada, que irão
variar de acordo com os materiais disponíveis na viatura. Uma das formas, consiste da progressão pela estrutura utilizando ganchos metálicos (conectores apropriados), presos a
cadeira de salvamento por absorvedores de impacto.
O método recomendado deriva das técnicas de escalada, onde se instala a cada dois
metros, ancoragens com fitas tubulares (costuradas ou não) e mosquetões ao longo da
estrutura metálica, por onde será passada a corda que irá servir de segurança à escalada
dos bombeiros.
Execução
1º Passo: ancore a corda dinâmica de segurança à cadeira do bombeiro com
mosquetão de aço;
2º Passo: inicie a progressão vertical instalando a cada dois metros uma fita e um
mosquetão com trava de rosca, onde a corda dinâmica será passada por dentro;
3º Passo: um segundo bombeiro deverá fazer a segurança de baixo (do chão) com uso
de um freio oito fixo ou ancorado a sua cadeira, por onde a corda de trabalho será
conectada (subida com segurança de baixo);
4º Passo: à medida que o primeiro bombeiro sobe, o segurança de baixo vai liberando
a corda que está passando pelo freio oito, de modo que, se ele cair, estará seguro pelo
sistema de freio e pela alça da corda dinâmica que passou pela última fita costurada na
estrutura pelo bombeiro;
5º Passo: caso outros bombeiros necessitem subir, a segurança poderá ser
coordenada de cima pelo primeiro bombeiro que já está no topo da estrutura.
De acordo com o tipo de estrutura e salvamento a ser executado, deve-se prever que
os bombeiros que realizarão a subida deverão portar materiais sobressalentes como:
cadeiras para vítimas, corda estática para rapel, fitas tubulares, mosquetões, etc.
Ascensão em árvores
O acesso à copa de uma árvore pode ser feito por meio de escalada, quando não for
possível o uso de escadas portáteis ou de viaturas aéreas (auto-escada, plataforma
elevatória).
Ascensão com nós boca de lobo
Consiste da ascensão em árvores através do tronco das mesmas. O bombeiro deve
possuir além do EPI, os seguintes equipamentos: três cabos vidas, freio oito, mosquetões,
corda estática 12,5mm e fitas tubulares para ancoragem.
Munido destes equipamentos, o bombeiro deve seguir os seguintes passos:
1º Passo: Confeccione nó oito duplo no chicote dos cabos da vida;
2º Passo: Permeando os cabos da vida, confeccione dois nós boca de lobo no tronco
da árvore (um na altura da cabeça e o outro na altura da cintura);
3º Passo: prenda as alças do cabo da vida superior no mosquetão da alça central da
cadeira e no cabo da vida inferior, apóie os pés;
4º Passo: permeie a corda estática e confeccione o nó oito duplo, fixe um mosquetão
e ancore-o ao cabo da vida superior, passando a corda pelo freio oito e travando-a,
para utilização em descidas emergenciais, a partir do ponto em que estiver na árvore.
Após a preparação, damos início a escalada, travando o cabo da vida inferior com o
peso do corpo, elevamos o nó superior, deixando então o peso sobre este nó, solecando o
nó inferior para reposicioná-lo e travando-o novamente com o peso do corpo, e assim
sucessivamente, conseguindo desta forma escalar a árvore.
Se houver galho para transpor, utiliza-se o terceiro cabo da vida, confeccionando um
nó boca de lobo no caule acima do galho e entramos em “auto” neste novo cabo da vida,
transpondo o galho, recuperando o material e prosseguindo a ascensão até o objetivo, onde
será confeccionado uma nova ancoragem com fitas ou cordas. Após o término do trabalho,
efetua-se a descida, realizando o rapel ejetável.
Escalada direta
Acesse o galho desejado ou próximo a ele, arremessando com as próprias mãos,
uma retinida com um peso. Emendando a corda estática na mesma, recupera-se a corda por
cima do galho, a fim de empregar um chicote para ascensão e o outro, para ancoragem
debreada, do solo. Em seguida, utiliza-se qualquer dos métodos de ascensão até chegar ao
objetivo, onde se confecciona uma ancoragem para auto-assegurar-se. Em caso de descida
emergencial, basta um segundo bombeiro destravar o nó meia volta do fiel e gerenciar a
descida do bombeiro que está no sistema. Para descer, utilize técnica de rapel ejetável.
Próximo Capitulo VANTAGEM MECÂNICA
Muito bom conteúdo nesse artigo,parabéns!
ResponderExcluir